Foi em 2001, com meus 7 anos de idade, que escrevi minha primeira historinha. Uma boa descrição dela é... grotesco. É! Acho que grotesco é o melhor termo para defini-la. O que eu fiz naquele fatídico dia foi passar para o papel o episódio em que o meu irmão, de 3 anos na época, passou o maior vexame no shopping berrando, chorando, se esgoelando e fazendo chilique porque a mamãe não teria comprado um tal power ranger. E a historinha se chamava "Pavu-ranju", que é o que eu supunha ser a escrita do nome do boneco. Nada além do que se espera de alguém que escrevia "cartum netiuôrqui". Para fechar, com desenhos que em pouco ou nada superava os palitinhos em qualidade, ilustrei a interessantíssima história sobre um menino que queria um boneco, não ganhava e aí chorava.
Assim, comecei a escrever e a tomar gosto pela escrita e desenho. Logo, resolvi registrar no papel, em forma de narrativa, cada uma das vezes que o Armando chorava, o que acontecia meio que todo dia. Em um ano, contabilizei mais de 100 revistinhas. Nesse período, criei as personagens que contracenam com o Armando, baseadas nos primos e vizinhos. E fiquei nisso até concluir, aos 9, que meu material merecia mais do que meramente ilustrar os acontecimentos sem-graça do cotidiano, e aí resolvi narrar uma aventura imaginária, que eu achava que era um livro. E depois acabou virando, quando lancei em 2005 o livro "O Menino Chorão - A ira do imperador", com a mesma história esquisita que eu tinha feito antes, embora irreconhecível, de tanto que eu tinha mudado, corrigindo erros de português, inventando detalhes, tirando algumas bobagens e colocando outras.
Mas só quem permitiu que o meu livro chegasse a ser publicado foi um acontecimento em 2004, quando tive a oportunidade de mostrar, na Feira do Livro, algum do meu material para o Maurício de Sousa -- sim, ele. O fato de ele não poupar elogios fez a minha família acordar para o fato de que talvez meu material tivesse até algum futuro. E aproveitando a mídia que o Maurício me proporcionou, aquela história que eu tinha inventado sem compromisso nenhum começou a virar um livro, que foi lançado um ano depois, depois de reescrito pela enésima vez. Apesar do desempenho de vendas não ter sido genial e, além disso, a única livraria que o vendia ter fechado, consegui atingir a módica marca de 90 livros vendidos num dia. E eu escrevi mais inúmeras continuações nunca publicadas, até medar conta de que estava enjoada de escrever e gostava mesmo é de desenhar.
Aí, agora, eu faço quadrinhos. É, esses mesmos que são publicados no blog. E é isso (:
Todos foram felizes para sempre
"Viajo pelo país inteiro e sempre encontro crianças talentosas. Sugiro que continuem desenvolvendo o traço e a técnica, pois serão sem dúvida desenhistas ou roteiristas, mas a Carol tem uma narrativa quase profissional. Ela não se esquece dos detalhes, tem criatividade, um português muito gostoso e uma linguagem fácil, essencial para as histórias em quadrinhos..."
Maurício de Sousa